Sobre a Graciosa

A Ilha detém um património arquitetónico de elevada relevância, com destaque para igrejas, ermidas, casas rurais, e a peculiar “arquitetura da água” associada a uma centenária rede de reservatórios e sistemas de abastecimento de água potável fruto da carência de água que sempre fustigou os locais.

Podemos encontrar em Santa Cruz alguns testemunhos de arquitetura manuelina, tais como o baptistério da Igreja Matriz e a abside da Ermida da Senhora da Ajuda. Vale a pena também visitar o Museu da Graciosa, que reúne peças ligadas à cultura do vinho, com tradições na ilha, e à atividade baleeira.

Bem característico da paisagem são os moinhos de vento com cúpulas vermelhas, que testemunham a abundante produção de cereais de outros tempos.

Graciosa exportou trigo, cevada, vinho e aguardente, realizando grande parte do comércio com a vizinha Terceira. Nesta ilha rural e pacata a agricultura, a pecuária e os lacticínios continuam a ser suportes da sua economia.

A Graciosa tem uma forte dimensão festiva impressa em bailes populares, concertos de filarmónicas, festas locais, ou nos famosos Bailes de Carnaval.

As celebrações carnavalescas iniciam-se com antecedência na ilha, as coletividades locais recebem e organizam bailes com fantasias originais que alegram a ilha até ao Entrudo.

Tal como no restante arquipélago, as Festividades do Espírito Santo têm grande expressão e decorrem de maio a setembro, com cortejos e bodos distribuindo rosquilhas e vinho, mas o destaque é dado para as Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, na segunda semana de agosto, que para além da vertente religiosa conjuga manifestações de cariz cultural local, animação de rua e espetáculos de animação noturna, são as principais festividades da Ilha.

A Graciosa integra a Rede Municipal de Reservas da Biosfera da UNESCO, devido às suas características ambientais, patrimoniais e culturais únicas.

Possui um património vulcanológico diversificado sendo de salientar a Caldeira, a sudeste da ilha, que constitui uma das mais interessantes curiosidades geológicas dos Açores e, no seu interior, a Furna do Enxofre, imponente caverna lávica, merecedora de destaque pelos seus valores biológicos, estéticos, científicos e culturais.

Também de referência ambiental são os ilhéus da ilha, por constituírem importante habitats de nidificação para aves marinhas e áreas de descanso/passagem de aves migratórias.

Destaca-se o Ilhéu da Praia, um dos maiores e com maior diversidade de aves nidificantes dos Açores, tendo sido nele descoberto uma espécie endémica, o Painho-das-tempestades-de-monteiro (Oceanodroma monteiroi), que ali nidifica.

A gastronomia graciosense é rica no aproveitamento dos produtos locais, sendo reconhecida pela confeção do peixe fresco dos Açores, principalmente em deliciosas caldeiradas ou assados. O alho e a meloa da Graciosa são dois produtos de eleição que também têm vindo a ganhar destaque na gastronomia da ilha.

A vitivinicultura sempre marcou presença produzindo-se o vinho branco, leve, seco e de aroma frutado, proveniente da casta original Verdelho, e que acompanha bem a gastronomia regional. Como digestivo a aguardente velha é muito apreciada e, para os que gostam de uma bebida doce, a Angelica é o aperitivo perfeito.

Quando chega o momento de adoçar o paladar as opções são variadas. Cavacas, escomilhas, capuchas, pastéis de arroz, encharcadas de ovos ou a meloa local, mas sem dúvida que o produto mais reconhecido é a queijada com o nome da própria Ilha, confecionada com produtos naturais e de acordo com as normas da doçaria tradicional. Num passado recente, era uma especialidade dominada por muitas donas de casa e não faltava em qualquer festa ou reunião familiar: a “Queijada da Graciosa”, um dos doces mais conhecidos do arquipélago.